Impactos do clima no campo reforçam ainda mais a importância do seguro e a conexão entre o produtor e os mercados de seguro e de crédito
“Sem o seguro agrícola, é impossível, nos próximos 10-15 anos, o produtor se manter na terra. Ou o governo terá que ficar renegociando dívida ou teremos o seguro agrícola. Não vejo outra opção para você resolver o problema climático sem o seguro”, disse Ricardo Sassi, diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB).
Segundo ele, o papel das seguradoras é levar a educação e o conhecimento do seguro para o produtor. “É preciso levar a percepção da importância do seguro para o produtor rural. O seguro é a única ferramenta que vai salvar o produtor no campo”.
Ele ressaltou a importância do programa de subvenção rural e lembrou que: “não existe seguro agrícola no mundo que deu certo sem subvenção”.
Os Estados Unidos e a China são referências de seguro agrícola; 63% é a média e pode chegar a 80% de subvenção. No Brasil, a subvenção é de 20% da soja no verão; em segundo lugar vem o milho safrinha, com a subvenção de 40%.
“Na minha opinião, está conta está errada, porque deveria ser 40% soja e 40% o milho safrinha. A soja traz mais benefícios para o equilíbrio das carteiras da seguradora do que o inverno. O inverno representa um risco maior, por isso acredito que o verão deveria ter um benefício grande para poder fazer esses equilíbrios e o governo gastar menos. Haveria mais contratações e menos exposição ao risco ao governo”.
Ele destacou que a subvenção ao Brasil é um problema novo, só tem 20 anos e vem sendo discutido desde 2021, quando as seguradoras tiveram grande prejuízo em decorrência de danos climáticos. Na época, 14 milhões de hectares estavam segurados e, hoje, são apenas 2,2, ou seja, o mercado encolheu. “Hoje não chega a 3 milhões de hectares segurados. Isso por uma questão de política. A nossa classe política tem que entender que a subvenção ao seguro traz um benefício muito grande para o Estado e para o produtor rural”.
O diretor da SBR ainda defende que, para emplacar o seguro agrícola, é necessária a união entre os mercados segurador e de crédito com o produtor agrícola. “O produtor agrícola tem que ter mais consciência da necessidade. Hoje, quando você pega uma planilha de custo com o produtor agrícola, o seguro agrícola está na última linha. Ele olha como custo e não como investimento, quando na verdade é a manutenção e o futuro da família dele”.
Uma das frentes em que a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) está atuando fortemente é o fomento ao seguro rural. Por isso, durante a Pré-COP30 – Casa do Seguro, realizada em 8 de outubro em Brasília (DF), o tema “Seguros baseados na natureza e agronegócio sustentável” foi discutido.
“O Brasil precisa expandir o seguro rural. Este ano teremos o menor índice de cobertura, em função do percentual alocado no programa de subvenção rural”, comentou Dyogo Oliveira, presidente da CNseg.











