Casa do Seguro na COP30: Seguro contribui para a resiliência do produtor rural

Casa do Seguro na COP30: Seguro contribui para a resiliência do produtor rural

Roberto Rodrigues aponta o seguro rural como elemento essencial para a manutenção da paz, redução da desigualdade social e manutenção da harmonia

O Brasil tem um papel importante na comunidade, pois é e continuará sendo responsável pelo fornecimento de alimentos e energia renováveis para a população mundial.

Segundo Roberto Rodrigues, ex-coordenador do Centro do Agronegócios FGV-EESP e ex-ministro da Agricultura, a enchente no Rio Grande do Sul, ocorrida em 2024, despertou o interesse do governo. Em sua visão, o fato de o governo não focar no seguro rural não é inteligente. “Não haverá paz se houver fome, desigualdade social e harmonia. E o seguro é essencial para isso”.

Dyogo Oliveira, presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), relembrou que o agronegócio brasileiro historicamente teve um grande desafio de financiamento. “Hoje o Brasil tem o desafio da taxa de juros. Mas o principal risco da atividade do produtor rural brasileiro sempre foi o clima, que vai piorando com as mudanças climáticas. O grande problema que o setor do agro precisa resolver nos próximos anos é a gestão desses riscos e, para isso, o seguro rural é uma das ferramentas”, ressaltou.

Segundo o radar dos eventos climáticos e seguros no Brasil lançados pela CNseg, de 2019 a 2024, o Brasil teve 4,5 mil eventos climáticos por ano, sendo eles enchentes, vendavais ou seca. “Nos últimos três anos, estimamos um impacto total na economia brasileira de R$ 200 bilhões. Mais da metade desse prejuízo ocorreu no agronegócio. Apesar desse cenário, a participação do seguro rural vem caindo. Já chegamos a ter 16% de área plantada coberta em 2020 e neste ano teremos menos de 3% de área plantada cobertura. Isso é causado pela redução do PSR (Programa de Subvenção Rural) criado pelo Roberto (Rodrigues)”, comentou Oliveira, que ressaltou que a consequência disso é o empobrecimento do produtor rural.

Personalização do seguro no campo

O seguro rural tem as suas particularidades. A modalidade de seguros possui três verticais: sistemas e processos para atender a necessidade de contingência que o seguro agrícola, a modelagem de risco e o desenvolvimento de produtos, que também precisa de tecnologia. “As seguradoras trouxeram geotecnologia, que avançou muito”, disse Paulo Hora, superintendente executivo rural e resseguro Brasilseg.

Conforme Pedro Loyola, coordenador FGV Agro-OSR, os seguros paramétricos podem funcionar em estados como Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Bahia, que possuem uma frequência maior de problemas climáticos. “O paramétrico pode servir para grandes produtores. Ele tem quatro indicações: chuva excessiva, alta ou baixa temperatura e granizo. O paramétrico não entra no multirrisco. Um incêndio não entra no paramétrico. É uma solução complementa ao seguro tradicional, que pode ser desenvolvido no País”.

Segundo Rafael Marani, diretor de Agronegócios da Allianz Seguros, o mercado precisa desenvolver produtos mais adequados para atender culturas variadas e diferentes regiões, experiencia do cliente, apoio público coordenado com a ação privada. “O produtor tem que enxergar o seguro e entendê-lo como algo dentro do pacote tecnológico”.

Dentro da experiência do cliente, Marani indicou ser necessária uma contratação simplificada com profissionais treinados na ponta para aproximar clientes. “No momento do sinistro o atendimento tem de ser rápido. Precisamos caminhar para um seguro personalizado para precificar esse risco e atender diferentes regiões. O setor público também tem o seu papel com políticas de subvenção, que dá às seguradoras ao produtor uma gama de acessos”.

Os painéis “Seguros como instrumento de proteção da produção agrícola no contexto da transição climáticas: desafios do Brasil e boas práticas internacionais” e “tecnologia e inovação no campo para resiliência climática” integraram o Fórum Seguros e Agronegócio na COP30 realizado na Casa do Seguro, durante a COP30, em Belém (PA).