Setor tem papel importante na consolidação do mercado de carbono; COP30 no Brasil alerta sobre a necessidade de trabalhar adaptação e mitigação em conjunto
Se até o Acordo de Paris, na COP29, o foco foi em mitigação. Agora, com a COP30 no Brasil, é necessário trabalhar em duas vertentes de forma simultânea: adaptação e a mitigação.
Segundo Paulo Artaxo, cientista membro do IPCC (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas), órgão ligado à ONU, a questão dos eventos climáticos extremos mais do que triplicou a frequência e os custos estão aumentando significativamente. “Por isso, podemos sair da COP30 com regras muito mais rígidas para redução de emissão e termos que que nos adaptar de forma diferente”.
Para isso, foi criada a Plataforma Brasil, que utiliza uma metodologia do IPCC e estruturado por municípios. “Ela consolida e integra as informações para a estruturação de políticas públicas. A plataforma calcula riscos de inundações, deslizamentos de terras e índice de vulnerabilidade humana para cada cidade do Brasil”, comentou Artaxo.
O cientista chamou a atenção para o risco de se atingir os chamados Tipping Points do sistema climático. “Se forem atingidos, muda toda essa história que estamos conversando até o momento. Precisamos reduzir as emissões o mais rápido possível para evitar que algum desses tipping points do sistema climático, como por exemplo as savanas da Amazônia, sejam atingidos”, comentou Artaxo, ao lembrar que o Brasil é um dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas.
Transição verde
“O debate ambiental é também um debate econômico. A transição climática é um desafio de conhecimento e de reconhecimento. Não basta ser verde, é preciso ter um conjunto de critérios. Construir a dinâmica de reconhecimento é complexa e exige dois esforços: científico e regulatório”, observou Daniel Vargas, professor da FGV e coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade.
O desafio começa na capacidade de dizer o que é verde ou não e envolve a organização dos parâmetros e desafios institucionais.
André Andrade, diretor do Programa da Secretaria Executiva do Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima, comentou que atualmente o cenário é pressionado pelo clima e um cenário de baixa proteção securitária. “O setor de seguros é peça-chave para o mercado de carbono e pode trabalhar nas emissões seguradas”.
Luisa Panico, coordenadora Geral de Governança da Secretaria Extraordinária do Mercado de Carbono do Ministério da Fazenda, apontou a participação do setor de seguros nos chamados riscos de reversão já existentes no mercado voluntário. “O seguro pode ser comprado pelo gerador de crédito de carbono ou pelo próprio comprador”.
Ela ainda apontou a necessidade de melhora na comunicação dos produtos voltados pelos seguros ambientais, pois ainda há pouca informação sobre seguros de desastres naturais.
“Os mecanismos de seguros são importantes para que possamos pensar todos os fluxos de negócios. Ninguém fala ainda de garantia para conservação. O papel do mundo dos seguros é fundamental para escalar projeto de conservação do país”, destacou David Canassa, CEO da Reservas Votorantim.
Para Mariana Barbosa, diretores de ReIações Institucionais da re-green, o setor de seguros tem muito a acrescentar. “Conhecemos pouco as florestas nativas brasileiras. Precisamos coleta mais dados e isso será importante para reduzir riscos. Ter seguros ajudaria a quantificar o risco de não performance. Temos que buscar instrumentos que nos permitam escalar”.
“Adaptação climática e finanças sustentáveis: caminhos para a resiliência” e “O papel do setor segurador na consolidação do mercado de carbono” foram temas abordados nos debates da Casa do Seguro, realizada pela CNseg durante a COP30, em Belém (PA), em 18 de novembro.










