Profissionais do setor e especialistas em clima discutem formas de adaptação diante de alta em crises climáticas no Brasil e no Mundo
Especialistas debateram um dos temas mais urgentes da atualidade durante o XVI Seminário de Gestão de Riscos e Seguros realizado pela Associação Brasileira de Gerência de Riscos (ABGR): as mudanças climáticas. Eles analisaram como elas já estão e continuarão remodelando o mercado de seguros. Foram discutidas as incertezas, os desafios para um cenário global de aquecimento, que tem gerado eventos climáticos extremos e perdas bilionárias.
Os especialistas apontaram que os anos de 2023 e 2024 foram recordes em aquecimento global e o aumento em riscos climáticos no Brasil e no mundo está associado à desigualdade social e à falta de conscientização da sociedade em geral. “As dúvidas sobre o futuro climático são grandes, mas o impacto é certo e global. “As instituições que nunca foram afetadas por estes eventos agora precisam se preparar para evitar quedas em sua performance”, ressaltou Gabriel Martins, cofundador da MeteoIA e Doutor em Ciências do Clima,
Estudo de caso: tragédia no RS
A urgência do tema foi ilustrada pela devastação no Rio Grande do Sul, Marlon Pasco Basso, especialista em Seguros e Gerenciamento de Riscos, destacou que o evento foi o maior desastre do estado em número de pessoas e municípios afetados, gerando um impacto econômico negativo sem precedentes. A mobilização aérea foi a segunda maior do mundo, superada apenas pelo furacão Katrina. Estima-se que a recuperação total levará cerca de dois anos.
Os dados apresentados por Basso mostraram a dimensão da tragédia: pontes, aeroportos e bairros inteiros, como o Vale do Taquari, impactados. O PIB do estado, que chegou a 0.3%, ainda se recupera do golpe.
Desafios do mercado de seguros
Com o aumento de riscos climáticos, o setor de seguros enfrenta um cenário desafiador. No Rio Grande do Sul, por exemplo, cerca de R$ 6 bilhões em indenizações foram pagas. No entanto, muitos segurados ficaram desamparados, pois as apólices não tinham cobertura para enchentes.
Para o especialista em Seguros e Gestão de Riscos, Álvares Trilho, o mercado precisa buscar soluções para evitar que isso se repita, como a inclusão da cobertura de enchentes na apólice básica. A gestão de riscos é vista como essencial para visualizar cenários futuros e prever perdas. “o seguro é o último recurso. Antes dele, é preciso mensurar os danos e aplicar cenários futuros para se preparar”, aponta Álvaro.
Ainda segundo Trilho, as empresas têm maneiras de mitigar tais riscos, pois a maioria é previsível. No entanto, o Brasil ainda precisa desenvolver uma cultura de seguros. A percepção de que eventos climáticos extremos não se repetirão é um obstáculo a ser superado. É crucial que o setor melhore a comunicação para melhor dimensionar as questões de risco.
Tecnologia como uma das soluções
Gabriel Marins ressaltou a necessidade de novas tecnologias nesta mitigação. Isso porque, uma das principais dificuldades é a previsão de longo prazo. Embora os modelos atuais de previsão do tempo sejam eficazes para o curto prazo, eles falham em prever tendências em escala maior. É nesse ponto que a Inteligência Artificial (IA) entra como uma ferramenta crucial, disponibilizando informações inéditas para identificar, por exemplo, o aumento da tendência de chuvas em determinadas regiões.
Notícias relacionadas:











