Caso Americanas pode ser uma das cinco maiores recuperações judiciais do país

Caso Americanas pode ser uma das cinco maiores recuperações judiciais do país

Advogados especialistas no tema analisam cenário para mercado e para consumidores

Na última quinta-feira (12) – depois que a empresa comunicou “inconsistências em lançamentos contábeis” de R$ 20 bilhões –, as ações da Americanas despencaram quase 80% na bolsa de valores e o caso vem trazendo diversas implicações. Agora, o grupo entrou com uma medida cautelar “porque, após a divulgação das informações de inconsistências contábeis, alguns de seus credores, com base nos contratos que determinam o vencimento antecipado da dívida, começaram a notificar as Americanas – inclusive podendo se apropriar de valores existentes em conta corrente e de investimentos de forma administrativa”, explica o advogado especializado em Recuperação Judicial Fernando Brandariz, sócio do escritório Mingrone e Brandariz e presidente da Comissão de Direito Empresarial da OAB Pinheiros.

Segundo o especialista, na cautelar o grupo pediu – entre outras solicitações – para sobrestar os efeitos de cláusulas que imponham vencimento antecipado das dívidas e a suspensão de todas as obrigações relativas aos instrumentos financeiros firmados com as instituições financeiras. “O juiz, em decisão liminar, deferiu esses e outros pedidos”, diz Brandariz, acrescentando que, “dentro do prazo improrrogável de 30 dias corridos, o grupo deverá distribuir o pedido de recuperação judicial sob pena de perda da eficácia da medida cautelar.”

O advogado Filipe Denki, diretor da Comissão de Recuperação de Empresas e Falência do Conselho Federal da OAB e sócio do Lara Martins Advogados – reitera o entendimento: “É certo que o grupo Americanas pedirá recuperação judicial nos próximos dias – e que a medida proposta foi apenas para ganhar tempo, para providenciar toda a documentação necessária para fazer o pedido.”

ROMBO AINDA MAIOR – De acordo com o Filipe Denki, “a novela está apenas começando: aguardemos os próximos capítulos, porque o rombo financeiro da Americanas pode ser um dos maiores escândalos financeiros da história do Brasil.”

Denki afirma que o problema é pior do que inicialmente noticiado: “O rombo da Americanas é de aproximadamente R$ 40 bilhões de reais, e, em sendo confirmado, esse valor a coloca entre as cinco maiores recuperações judiciais do país.”

“Em que pese a bomba ter estourado há poucos dias, o caso já resultou em várias polêmicas – e a primeira e mais óbvia é a seguinte: como um rombo de R$ 20 bilhões era desconhecido?”, questiona. E vai além. “O [atual presidente do Conselho de Administração] Sérgio Rial sabia ou não do rombo? O fato de certos investidores terem ganhado muito dinheiro com a queda das ações sugere o vazamento da informação antes da divulgação pela própria Americanas? A atuação de auditorias externas está sendo colocada em xeque, como o caso da PWC Auditora das Americanas – e a própria obtenção de liminar em tempo recorde obtida em segredo de Justiça num caso com tantos envolvidos.”

COMO FICA O CONSUMIDOR – Para Felipe Denki, o consumidor a princípio não sofrerá grandes consequências. “Recuperação judicial significa que a empresa continua funcionando e deve honrar seus compromissos. O que pode mudar é redução de ofertas e estoque.”

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