FGV IISR realiza debate sobre Letras de Risco de Seguro no Brasil

FGV IISR realiza debate sobre Letras de Risco de Seguro no Brasil

Evento, que aconteceu na sede do Machado Meyer Advogados, evidenciou que os títulos vinculados a riscos das operações de seguro e resseguros já são uma realidade no Brasil

O Instituto de Inovação em Seguros e Resseguros da Fundação Getulio Vargas (FGV IISR) realizou, na sede do escritório Machado Meyer Advogados, um debate com formuladores de políticas, representantes da SUSEP, de empresas seguradoras e resseguradoras e do mercado de capitais, para discutir o potencial de emissão das Letras de Risco de Seguro (LRS). A estruturação da primeira operação de emissão deste tipo de título só foi possível através da aproximação entre o mercado de capitais e o setor de seguros e resseguros.

A abertura do evento contou com o subsecretário de Reformas Microeconômicas e Regulação Financeira, Vinicius Brandi, e do diretor da Susep, Carlos Queiroz. Participaram do painel após a abertura o sócio da área de Seguros do Machado Meyer, Cássio Amaral; o superintendente de Produtos Estruturados do Itaú Unibanco, Fausto Morais; o diretor de Novos Negócios do IRB(Re), João Rabelo; o diretor de Subscrição – Produtos na IRB(Re), Daniel Zaltman; e o advogado da área de Seguros do Machado Meyer, André Fortunato. A moderação ficou a cargo da Conselheira do FGV IISR, Goret Paulo.

Cássio Amaral destacou que a principal vantagem da LRS para as seguradoras é a entrada de capital novo para assumir riscos. “Estamos trazendo o mercado de capitais para também assumir os riscos das atividades de seguro”, afirmou. Ao ser emitida por uma Sociedade Seguradora de Propósito Específico (SSPE)  100% colateralizada, a modalidade permite a diminuição do risco de crédito das seguradoras. Ele considera que este tipo de operação pode ser replicada para setores críticos, como infraestrutura e agronegócio. “Para destravar os investimentos em infraestrutura, a gente precisa de garantia. E não há capacidade lá fora para o volume que o Brasil demanda”, disse.

A LRS é um título associado aos riscos assumidos pelas seguradoras e resseguradoras. Pertence a categoria de Insurance-Linked Securities (ILS). Ela representa uma operação de securitização de riscos (res)securitários por meio de uma SPE e pode ser utilizada para diversificação das carteiras de grandes investidores. De acordo com os debatedores, a inclusão de LRS nas carteiras de investidores institucionais pode tornar estas carteiras mais saudáveis e resilientes, já que as LRS tem bom rendimento e baixa correlação com variáveis macroeconômicas.

O IRB(Re) participou do lançamento pioneiro no país. Segundo João Rabelo, houve diversos obstáculos operacionais, que foram entendidos como naturais na primeira operação de emissão de um título desta natureza: “A gente foi testar esses encanamentos. Vazou um pouquinho aqui, um pouquinho ali. Teve alguns lugares que emperrou”, relatou, ressaltando a importância da participação do poder público ao tomar a frente na abertura dos caminhos necessários para concluir essa operação.

A primeira emissão não cobriu riscos catastróficos, como no modelo tradicional de ILS, mas focou em seguro-garantia judicial. “Foi uma operação bastante inventiva. Agora, o mercado precisa de mais SSPEs  e mais LRSs”, disse.

Rabelo acrescentou que vê na LRS um caminho para aproximar o setor segurador do investidor institucional. “Se conseguirmos criar um mercado robusto, com operações recorrentes e transparência na precificação, teremos um novo canal de capital para sustentar o crescimento das seguradoras e do resseguro no Brasil”, afirmou.

Para Goret Paulo, o avanço do instrumento é resultado da cooperação entre diferentes atores. “Este debate é um belíssimo exemplo do que o Instituto de Inovação e Seguros e Resseguros da FGV realiza enquanto um centro de pesquisas para fomentar a inovação na indústria de seguros. Para que o potencial de crescimento do setor se torne realidade, os desafios precisam ser definidos em conjunto pelo regulador, pelo formulador de política  e pelo setor de seguros, com apoio da academia”, disse. Ela celebrou a primeira emissão no país: “Essa é uma inovação que foi criada graças a união de esforços entre indústria, regulador e formulador de políticas”.

Com as discussões, ficou claro que as LRS já são uma realidade e podem ser exploradas por seguradoras e resseguradoras na definição de suas respectivas estratégias de transferência de riscos. Os debatedores também concordaram que é preciso rever alguns pontos da regulamentação, com a intenção de oferecer maior incentivo para investidores e cedentes na utilização desse tipo de estrutura. Para os participantes, a experiência pioneira mostra que, superadas as barreiras iniciais, esse instrumento pode se tornar um canal relevante de captação de recursos para sustentar o crescimento e a resiliência do setor.

Fonte: RPMA Comunicação