Ajudar mulheres a entenderem que podem estar onde quiserem, impulsiona Liliana, atual presidente da Sou Segura
Como presidente da Sou Segura, organização cujo objetivo é capacitar mulheres, apoiá-las por meio de mentorias e palestras e incentivar empresas do mercado de seguros a buscar a equidade de gênero em seus espaços, Liliana Caldeira tem uma missão especial: “Seguir firme no leme, no prumo, mostrando às mulheres que temos unidade, acolhimento e que somos extremamente capazes”.
Liliana Caldeira é advogada, possui 35 anos de mercado de seguros e já há alguns anos levantou a bandeira da equidade de gênero. “Todas somos mulheres vitoriosas em nossas lutas diárias e merecemos crescer como profissionais, tomando consciência de nossa força”, ressalta. Confira a entrevista exclusiva para a Revista da Aconseg Centro-Oeste.

Revista Aconseg-Centro-Oeste | Quem é Liliana? Quais são os seus hobbies?
Liliana Caldeira | Sou uma mulher de 61 anos, que estudou Direito na UFRJ e Filosofia na UERJ, e possui 35 anos de mercado de seguros. Mãe de Matheus, engenheiro do petróleo, de 31 anos, e de Paulo Henrique, jovem de 17 anos, que presta o ENEM este ano para Comunicação. Em 2026, completarei 40 anos de graduada em Direito e estou reunindo os colegas de turma para uma grande celebração. Trabalho atualmente como professora e coordenadora da Escola de Negócios e Seguros (ENS), em vários cursos. Estou na ENS há 35 anos. Moro com meu filho mais novo no bairro do Grajaú, na zona norte do Rio de Janeiro, e meus hobbies são nadar no mar, fazer musculação, ler e me conectar com pessoas, aprendendo sempre com elas.
RACO | Por que escolheu estudar direito?
LC | Fui estudar Direito porque queria ser diplomata e achei que esta disciplina seria um caminho, mas acabei me encantando com o Direito em si, quando comecei meus estágios em empresas como a Braspetro, Metalúrgica Barbará e vi a importância
do jurídico em uma grande empresa.
RACO | Como e quando você chegou ao mercado de seguros?
LC | Cheguei ao mercado de seguros porque meu marido era do mercado de seguros. Estávamos recém-casados, ele trabalhava em uma grande corretora de seguros norte-americana e precisávamos completar o orçamento familiar para pagar as contas e a prestação de um imóvel recém-comprado. Então, em 1990, ele foi dar aulas na Funenseg e eu fui também. Estudei Direito aplicado a seguros e fui dar aulas no curso básico. Posteriormente, o fato de eu estar na escola me levou a ser contratada por seguradoras do mercado.
RACO | Hoje o mercado passa por um momento de transformação, inclusive com o novo marco legal de seguros. Como vê essas mudanças?
LC | Vejo com muito bons olhos tudo o que promova mudanças e alterações que tragam mais consumidores e novos entrantes ao nosso mercado. O Brasil precisa desenvolver uma cultura de seguros, captando novos consumidores e novos players. Isso fará bem a todos: à sociedade, às empresas, ao país como um todo. Serão tempos difíceis e turbulentos com tantas mudanças, mas o mercado é muito resiliente, vai se adaptar e crescer. Estou otimista.
RACO | Quando você começou a atuar de forma associativa, integrando entidades do mercado?
LC | Comecei nos idos de 1990, juntando-me a um grupo de mulheres do Rio de Janeiro, que promoviam eventos técnicos com mulheres para mostrar nossa capacidade e nosso conhecimento. Éramos as Luluzinhas, mas não éramos uma associação juridicamente constituída. Evoluímos juntas para uma organização chamada Associação das Mulheres do Mercado de Seguros (AMMS), que foi presidida pela Margot Black, uma executiva escocesa que escolheu o Brasil para morar e foi CEO da Swiss Re. Depois, com Simone Vizani, passamos por um processo de transformação para a Sou Segura e eu a sucedi, sendo a terceira presidente. O que me motivou foi o propósito de apoiar mulheres a entenderem que podem estar onde quiserem: todas somos mulheres vitoriosas em nossas lutas diárias e merecemos crescer como profissionais, tomando consciência de nossa força.
RACO | Como analisa a equidade de gênero no mercado de seguros? Temos avançado?
LC | Avançamos, mas estamos há três anos estagnadas no mesmo lugar. É o que mostra a pesquisa feita pela ENS, que já está em sua quinta edição. Há também a evidência de crescimento dos setores de diversidade, focados em ESG, nas empresas, mas isso não se reflete na prática: continuamos com dificuldade de estarmos nas Diretorias e em Conselhos, em paridade com os homens. Ganhamos menos e trabalhamos nas mesmas funções. Temos que provar muito mais para sermos reconhecidas, promovidas e recompensadas financeiramente. Precisamos seguir trabalhando para mudar esta realidade.
RACO | O que recomenda para as profissionais que estão ingressando agora no mercado de seguros?
LC | Investir sempre em educação e conhecimento. Faça cursos. Não fique parada. Não se sinta confortável. Faça conexões verdadeiras. Sonhe alto e trabalhe. Os frutos virão.
RACO | O seu mandato na Sou Segura vai até 2026? O que você quer ter concluído até lá?
LC | Quero prosseguir atuando fortemente para que a Sou Segura cada vez mais seja reconhecida como a entidade de equidade de nosso setor. Respeitada por seu trabalho sério e presente em eventos, com nossa fala serena, mas firme. Seguir produzindo eventos nossos, palestras, mentorias, formando parcerias que fortaleçam o nosso trabalho em prol das mulheres, em todas as suas interseccionalidades. Seguir firme no leme, no prumo, mostrando às mulheres que temos unidade, acolhimento e que somos extremamente capazes.
RACO | Como você se sente inspirando outras mulheres?
LC | Sinto-me extremamente honrada. É uma grande responsabilidade. Mas abraçar uma mulher, em qualquer lugar do nosso país, e sentir nos olhos dela sua felicidade por poder ser ouvida, poder participar, ter espaço de fala, é muito gratificante. Elas me veem falando e veem que sou como elas e que qualquer uma de nós pode subir. Isso é simplesmente emocionante e me inspira a seguir.
Conteúdo da edição 2 da Revista da Aconseg Centro-Oeste










