Companhia cria projeto focado em escuta ativa, organiza dentro de casa, atende demandas de melhorias de corretores e assessorias e segue conquistando o mercado brasileiro
Carol Rodrigues
Eduard Folch Rue é CEO da Allianz no Brasil desde janeiro de 2018 e, desde que assumiu a companhia, seu foco é tornar a operação no Brasil ainda mais importante dentro do grupo alemão. Desde então, os desafios foram inúmeros, a começar pela aquisição das operações de Automóvel e Ramos Elementares da SulAmérica em 2020. “Já é difícil comprar uma companhia em que dobramos o tamanho, mas fazer isso no meio da pandemia foi muito difícil. Passamos por um momento bem complexo”.
Após o fim da integração das operações da SulAmérica, diante do contexto da inflação no Brasil e, em especial, a explosão da Tabela Fipe e o aumento da frequência dos sinistros, houve a necessidade de ajustar o resultado da companhia. “Ficamos nesse impasse porque tínhamos muitas questões internas e externas para resolver e precisamos nos concentrar na matemática própria da organização. Quando finalizamos esse processo, olhamos para o mercado brasileiro e vimos que é um mercado que cresce.
Em 2023, com toda a companhia reunida, ele criou um projeto batizado como Transformação com o objetivo de dobrar os resultados da companhia até dezembro de 2027.
O projeto Transformação foi desenhado após diagnóstico dos próprios colaboradores de que a companhia estava distante. Inclusive, os ajustes internos foram sinalizados pelos próprios parceiros.
As Assessorias, por exemplo, de certa forma, foram herdadas da SulAmérica, pois a Allianz não trabalhava com o canal. Diante do realinhamento, Folch informou às assessorias de São Paulo e do Rio de Janeiro que no primeiro momento não conseguiria atender as demandas delas. Mas deixou a seguinte mensagem: “faremos o que vocês pedem”. As assessorias confiaram. Hoje o status é outro e mais assessorias querem trabalhar com a companhia. “A nossa relação é de parceiros”.
A escuta do corretor e do consumidor
“A intensificação da escuta ativa ocorreu como parte do projeto de Transformação. A percepção dos próprios funcionários era de que a companhia estava longe. Demos um passo e nos aproximamos do corretor e do consumidor. O corretor é a peça fundamental da companhia”.
Durante esse período, a seguradora estava voltada para as suas necessidades e ouviu colaboradores, corretores e assessorias para implementar melhorias em sua operação e fazer o seu reposicionamento.
“Um dos quesitos do projeto de Transformação era reposicionar a companhia, a relação com a imprensa e o público externo”.
O plano, que decolou em 2024, ainda não chegou à metade da sua execução e já indica que está dando certo e trazendo resultados para a companhia.
“Vamos terminar 2025 dentro do objetivo. No projeto tínhamos três alavancas importantes. A primeira era recuperar a fatia de mercado que tínhamos no dia em que compramos a SulAmérica, de 14% de mercado. Outro ponto era depender menos do negócio de automóvel por meio da diversificação, pois o crescimento nas outras linhas de negócios da companhia é maior. Hoje, a companhia cresce 23% e o Auto, 19%”, comenta o CEO.
O terceiro ponto era ampliar a distribuição e alinhar o tom da parceria com as assessorias. “Hoje, cerca de 200 a 300 corretores começam a trabalhar com a Allianz mensalmente”.
A diretora Maria Clara Ramos é quem lidera a frente de transformação para que a companhia seja mais rápida na entrega dos projetos.
A escuta ativa tem se transformado em projetos concretos. “Mudamos a forma de trabalho da organização e estamos entregando melhorias em uma velocidade maior do que antigamente. O projeto de transformação tem várias iniciativas e cada semana vemos as que progridem”.
Até setembro, foram 169 melhorias implementadas, seja para o corretor ou para o consumidor.

Seguro sustentável
O seguro de Automóvel é o carro-chefe da Allianz, sendo responsável por 70% dos negócios da companhia, que mantém uma boa posição no agronegócio, transportes, residência e condomínio e mantém um olhar estratégico para o Vida.
Segundo o CEO, o que pode ajudar o ramo Vida é o Universal Life. “O produto combinado de poupança com a cobertura de vida é muito interessante”.
Recentemente, a Allianz Brasil conquistou o certificado de produto sustentável no seguro automóvel.
Eduard Rue explica que a taxonomia europeia tem 15 critérios para certificar um produto de seguros como sustentável. O Grupo Allianz tem sete critérios a mais. São 22. “Conseguimos certificar o maior produto que temos no Brasil”, comemora.
Agora, a companhia seguirá o mesmo padrão para conquistar a certificação também em outros ramos.
De certa forma, o produto sustentável fornece benefícios ao cliente, que passa a ter acesso a manutenções preventivas em seu veículo, o que auxilia a evitar problemas futuros.
No seguro Residencial, a assistência 24 horas possui um dos melhores NPS do mercado.
No Automóvel, a companhia tem entre 800 mil e 900 mil serviços de guincho anuais. “Com esse uso intensivo, em um país como o Brasil, com distâncias e dificuldades de acesso, nem todos darão certo. Se 0,5% dos casos dão errados, são muitos e fazem muito barulho. A voz do consumidor é um caminho muito valioso. Todo cliente que responde com uma ou duas estrelas, a companhia liga para saber o que aconteceu. A companhia tem um SLA para isso”.
Para Rue, o mercado de seguros brasileiro é atrativo, tem capacidade de crescimento e, nas proteções pessoa física, pode aumentar. No seguro automóvel, a companhia tem investido na ampliação de aceitação para veículos mais antigos e de maior valor.
“Damos ferramentas para o corretor crescer. Estamos buscando formas de nos aproximar do corretor de um jeito diferente, ou seja, criando valor para ele”, diz ao contar sobre um grupo de corretores que farão um piloto na Allianz em uma parceria para ajudá-los a fazer cross-sell.
Uma das primeiras seguradoras a aderir à Casa do Seguro, realizada pela CNseg, no período da COP30 em Belém (PA), a companhia convidou especialistas internacionais para abordar o tema cidades sustentáveis. “Cada vez mais a população mundial se concentra em grandes centros e isso traz desafios. Por exemplo, é muito mais difícil esfriar um edifício do que esquentá-lo”, comenta o CEO da companhia, que está na dianteira em discussões que envolvem as mudanças climáticas.
Conteúdo da edição de outubro (281) da Revista Cobertura









