Assessorias eram importantes; hoje são essenciais

Assessorias eram importantes; hoje são essenciais

Marco Antonio Gonçalves resgata histórico das assessorias em Convenção da Aconseg-CO, que discutiu a nova lei de seguros, o uso da inteligência artificial e como o corretor pode chegar ao consumidor
Carol Rodrigues

O mercado de seguros passou por duas grandes mudanças na distribuição: a entrada dos bancos na venda de seguros e a criação das assessorias.

“A interiorização do seguro só ocorreu com o bancassurance na década de 1970”, disse Marco Antonio Gonçalves, presidente do Conselho Consultivo da MAG Seguros e presidente do Fórum Mário Petrelli, durante a 2ª Convenção da Aconseg Centro-Oeste, realizada em agosto, no Malai Manso (MT).

O outro salto ocorreu na criação das assessorias no final da década de 1990. “O mercado quase saiu do seguro de automóvel. O corretor de corretores de seguros sobreviveu porque as assessorias foram criadas”, comentou o presidente do Fórum Mário Petrelli.

Gonçalves resgatou o histórico de atuação das assessorias e a transformação que elas trouxeram ao mercado de seguros. “As assessorias transformaram o seguro, porque quem era atendido diferenciadamente nas companhias era o corretor que tinha grande produção. Empresários de seguros que são, as assessorias investiram no relacionamento com o corretor e trouxeram o corretor para o centro das atenções e disseminaram o conceito de seguro”.

Hoje, a representatividade das assessorias é imensa em todo o mercado de seguros. “As assessorias eram importantes na década de 1990 e hoje são essenciais para o mercado de seguros. As assessorias criaram um modelo que atraiu o corretor e deram confiabilidade a ele. A assessoria evoluiu o mercado”.

Para Gonçalves, as Aconsegs são o segundo passo da década de 1990, ao agrupar as assessorias de tal forma que possam discutir interesses comuns. “Vocês são necessárias para o desenvolvimento do mercado de seguros”, completou.

Segundo ele, as assessorias agora entram em outro estágio. “A segunda evolução das assessorias é ajudar o corretor na digitalização, mas também fazer com que ele seja um consultor de seguros. O papel das assessorias hoje é mostrar o caminho para que o corretor possa prosperar. As assessorias são o braço de trazer a digitalização, mas sem perder o coração, o relacionamento e a amizade. Essa mescla é o que faz o sucesso das assessorias”.

Marco Antonio Gonçalves, presidente do Conselho Consultivo da MAG Seguros
Marco Antonio Gonçalves, presidente do Conselho Consultivo da MAG Seguros

Braços indispensáveis da distribuição

A presidente da Aconseg Centro-Oeste, Enir Junker, pontuou que a Convenção simboliza um momento de construção de caminhos para o futuro do canal de distribuição, um momento de reflexão e ação. “O mercado tem passado por muitas transformações. Nós, enquanto assessorias, temos o desafio e a missão de levar, através dos nossos braços, os produtos das nossas seguradoras aos corretores”, destacou.

Enir ainda chamou a atenção para o fato de as assessorias precisarem reconhecer a sua importância no mercado de seguros. “Mais do que intermediários, somos agentes de transformação e inclusão. Esse é um momento de construir soluções coletivas, que cada contato os ajude a sair mais fortes e unidos”.

Enir Junker, presidente da Aconseg Centro-Oeste

José Cristovão Martins, presidente do Sincor-MT, ressaltou defender as assessorias no mercado. “As assessorias potencializam a indústria de seguros e, para nós, corretores, criam um horizonte de oportunidades. É nosso papel, como lideranças, trazer oportunidades de mercado para os corretores. A assessoria ao pequeno e médio corretor é fundamental. O que seria do corretor de seguros hoje sem assessoria? A assessoria entra e faz uma parte do serviço do corretor e ele foca no cliente”.

José Cristovão Martins, presidente do Sincor-MT
José Cristovão Martins, presidente do Sincor-MT

Para Jean Brunetto, diretor comercial regional Centro-Oeste da Tokio Marine, as assessorias podem dar uma virada. “Vocês fizeram um trabalho brilhante até hoje, mas há algo mais a ser feito”, disse.

Em sua visão, já que muitos corretores não têm estrutura multiprodutos, ajudá-los a construir parcerias é um ótimo caminho. “Muitas vezes, o corretor não tem tempo para se dedicar a estudar um grande negócio. Ele tem o cliente, mas não detém o conhecimento. Por isso, a parceria entre corretores especialistas, por exemplo, de transporte e garantia. O futuro do nosso mercado também passa por parcerias. Fiquem atentos às oportunidades e à escolha de parceiros sólidos e confiáveis. Podemos ser mais rápidos e objetivos”, indicou o diretor da Tokio.

Jean Brunetto, diretor comercial varejo Centro-Oeste da Tokio Marine

“A carga operacional foi deixada para trás. As assessorias podem levar mais inteligência de mercado para os corretores, como por exemplo, oferecer consultoria para o corretor de seguros através de ferramentas digitais”, recomendou Antonio Edmir Ribeiro, diretor Territorial da MAPFRE.

Para ele, é necessário mostrar o novo mundo para o corretor, inclusive deixá-lo, cada vez mais, com tempo para ofertar seguro. “As assessorias, com o olhar das consultorias especializadas em vender, precisam ouvir a vocação do corretor e o desejo de expansão”, acrescentou.

As assessorias devem ter o protagonismo da visão, conforme Eduardo Grillo, diretor comercial da Suhai Seguradora. “Qual é a proposta das assessorias?”, questionou ao lembrar que as inteligências artificiais exercem o papel de criar jornadas de seguro melhores. “O papel que falta a vocês é ajudar na venda. É contribuir com o corretor no funil de vendas. Assim vocês terão um lifetime value mais longo”, sugeriu.

Antonio Edmir Ribeiro, diretor territorial da MAPFRE
Antonio Edmir Ribeiro, diretor territorial da MAPFRE

Outro ponto indicado por Grillo é o apoio para o corretor no mundo digital, ajudando-os, por exemplo, a criar landing page. “A assessoria precisa atender o corretor nos problemas e ter protagonismo em outras etapas que envolvem a venda. Temos muito espaço para crescer”, ressaltou.

Para Gabriel Mariano, superintendente de Negócios da Bradesco Seguros, a assessoria pode servir de hub para o corretor, oferecendo serviços para ele. “A assessoria tem de ajudar e oferecer serviços e produtos ao corretor, ou seja, contribuir para o corretor a construir a sua carteira”.

Solon Barretto, VP da Alba Seguradora, ressaltou que as assessorias são um fenômeno no mercado de seguros e por isso a Alba nasceu com apenas duas bases físicas – São Paulo e Bahia – e optou por desenvolver a capilaridade com essas parceiras.

Solon Barretto, VP CCO e CX da Alba Seguradora
Solon Barretto, VP CCO e CX da Alba Seguradora

“Hoje, estamos presentes em 12 estados com 30 assessorias atuantes. Precisamos escolher os parceiros certos para uma relação ganha-ganha. Essa é uma oportunidade de falar de estratégias de coração aberto, pois pensando juntos iremos transformar o mercado”.

Diego Bifoni, diretor territorial Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Mato Grosso da MAPFRE, acrescentou: “Vocês são assessores dos corretores. Nosso mercado tem de ser relevante no Brasil. Muito mais do que o crescimento de prêmios, a relevância tem que, de fato, acontecer”.

Uma nova era

Informações como a de que o Brasil não está no roteiro dos desastres climáticos ficaram no passado. Hoje, o Brasil já é considerado o décimo país com o maior volume de desastres climáticos.

“Do ponto de vista do nosso setor, há uma avalanche de informações pela mídia para toda a sociedade. Isso gera conscientização, cultura e preocupação. Aqui está a oportunidade de nós, como indústria de seguros, ajudarmos os corretores a tangibilizar todas essas informações em negócios”, destacou Paulo Cesar Martins, superintendente sênior de Negócios da Bradesco Auto/RE, que também é presidente do Sindseg BA/SE/TO, ao lembrar que todos desejam aumentar a penetração de seguros na sociedade.

Segundo ele, diante das transformações nas relações de consumo, na vida e no trabalho das pessoas, é importante trazer essas mudanças para o dia a dia do corretor e contextualizá-las para o setor de seguros.

“Como usamos as informações diárias para gerar negócios efetivamente? Precisamos capacitar e treinar. Mas é necessário mudar a forma do treinamento, com uma abordagem muito mais de olhar para as oportunidades, competências e comportamentos do que simplesmente falar de produto”, orientou Martins.

É neste ponto que entra a contribuição importante das assessorias. “O papel das assessorias consiste no quanto nós conseguimos, podemos e devemos impactar os nossos corretores para levá-los para uma nova forma de comunicação e abordagem, e aproveitar tudo o que está acontecendo para levar uma solução interessante, bonita e leve para o consumidor final”, acrescentou Martins.

Paulo Cesar Martins, superintendente da Bradesco Auto/RE
Paulo Cesar Martins, superintendente da Bradesco Auto/RE

A Inteligência Artificial (IA) também trouxe mudanças e vem ganhando cada vez mais força, especialmente nos últimos três anos. “A evolução chegou a um ponto de ou pegamos o bonde ou ficamos de fora”, comentou João Duarte, CTO e cofundador da Olik.

Durante a Convenção, ele falou sobre o Minha Corretora Digital, uma plataforma white label, que agrega serviços para o corretor e vem sendo desenvolvida pela Olik. “A ideia é levar o pequeno corretor para o mundo digital e fazer com que ele venda sem esforço produtos que hoje ele não comercializa”.

Duarte ressaltou que a IA vem sendo concebida desde 1943 e, atualmente, mudou a forma de interação com os devices. “Hoje, a IA nada mais é do que uma ‘escrava’ do conteúdo que passamos para ela”.

Duarte orientou a todos que experimentem a IA como ferramenta e destacou a importância de criar uma boa anatomia de prompt (pergunta e comando usados para direcionar a IA para executar uma tarefa) de acordo com os objetivos e públicos.

João Duarte, CTO e cofundador da Olik

Conteúdo da edição de setembro (279) da Revista Cobertura