Mitsui terá mais produtos alinhados com a estratégia global, como, por exemplo, os de linhas financeiras, incluindo Cyber, D&O e E&O a partir de 2026
Uma combinação do que há de melhor entre as culturas japonesa e brasileira marcou a comemoração dos 60 anos da Mitsui Sumitomo Seguros no Brasil, em novembro, em São Paulo. “60 anos, kanreki em japonês, significa renascimento e um longo começo”, destaca Koichi Kawasaki, CEO da Mitsui Sumitomo Seguros.
Segundo Luis Nagamine, diretor-geral da Mitsui Sumitomo Seguros, atender o cliente da melhor forma é o primeiro pilar dentro da companhia, que se completa com integridade, trabalho em equipe, inovação e profissionalismo. “O que foi construído nestes 60 anos foi uma imagem de excelência no atendimento ao cliente. É isso que fazemos no Japão e no mundo todo e esse é o nosso legado”, destaca.
De acordo com Nagamine, em 2024 a Mitsui redefiniu o seu propósito e a razão de sua existência. “Surgiu o desafio de encorajar pessoas e empresas a transformar o mundo. Estamos fazendo pequenos ajustes para o nosso negócio, que é proteção. Proteção para transformar o mundo. Muito além de carreira e lucro, é o que deixamos de legado para a sociedade. Tem um movimento interno nosso forte de conscientização como cidadãos e como parte de uma sociedade que carece de muita coisa”.
Diante disso, a companhia lançou a Cobertura Verde, uma cobertura adicional dentro do seguro empresarial e também property, na qual o segurado pode usar uma verba para melhorias, desde que seja para tornar o imóvel mais sustentável. “O restaurante pegou fogo e, se na reconstrução ele quiser colocar um sistema de iluminação mais eficiente, pode fazer dentro da verba contratada pela cobertura verde”, exemplifica, ao dizer que também contratou uma empresa para fazer uma assistência para coletar móveis para um descarte sustentável.
A nomenclatura de algumas áreas foi reformulada. Por exemplo, a área comercial agora é denominada gestão de negócios e relacionamentos; sinistros é serviços ao cliente e a área técnica é para soluções em subscrição. “A combinação de busca de solução com a gestão de negócio e relacionamento é o que queremos fazer para encantar os nossos corretores e os nossos clientes”.

Reposicionamento
Também em 2024, a Mitsui e a Porto firmaram uma parceria estratégica, em que a Porto é a responsável pela operação de seguros de automóvel, residência e pequenas empresas da Mitsui, que passou a focar no segmento corporativo.
“A Porto Seguro se interessou em fazer a parceria com a marca porque criamos uma marca com a qual eles se identificaram bastante, de qualidade e excelência na prestação de serviço e cuidado com as pessoas”, comenta Nagamine sobre o fato de a Mitsui ser a quarta marca distribuída pela Porto Seguro.
A parceria da seguradora japonesa com a Porto simbolizou também um reposicionamento da marca no Brasil. Afinal, a companhia decidiu atender apenas clientes corporativos, sejam eles pequenas, médias ou grandes empresas. “É isso que vamos desenvolver nos próximos anos”, diz o diretor.
Consta no planejamento de longo prazo da Mitsui manter a parceria com a Porto no quesito pessoas físicas, enquanto aposta no desenvolvimento de produtos especializados para pessoa jurídica. “Há cinco anos apresentamos a nossa operação de seguro garantia e temos planos de lançar mais produtos especializados. Hoje, também atuamos com property, transportes, RC e construção. No próximo ano, teremos mais produtos que estão alinhados com a estratégia global, por exemplo, Linhas Financeiras, incluindo Cyber, D&O e E&O”.
Corretores: a peça-chave
O canal de distribuição da Mitsui é o corretor de seguros. “O corretor já tinha e passa a ter um papel fundamental com a nossa virada de negócios para o corporativo. Precisamos saber como atuar com cada corretor. O nosso time está preparado para atender esse nicho de corretor que atua com grandes, médios e pequenos riscos. Tanto os nossos times de subscrição como comercial estão divididos e preparados para atuar nessas frentes”, explica Carlos Eduardo Silvestre, diretor comercial e marketing da Mitsui Sumitomo Seguros.
Recentemente, a companhia reorganizou o canal de Parcerias, onde vai distribuir os seus produtos em um cliente massificado. Para isso, investiu em tecnologia, inclusive inteligência artificial, para otimizar processos. “Estamos focados em usar a tecnologia para ter mais tempo para conversar com o nosso corretor sobre negócios. Estamos aliando as melhores pessoas e as tecnologias para atender o nosso corretor”, acrescenta Silvestre.
A Mitsui trabalha com dez assessorias que trabalham com seguros de Property & Casualty. “Eles têm sido um canal muito importante de distribuição porque têm uma capilaridade de atendimento de corretor grande, o que não conseguimos atender fisicamente. Temos uma parceria consolidada com algumas assessorias”.
Segundo Nagamine, a Mitsui tem a ambição de ser uma insurtech para as pequenas e médias empresas do Brasil. “Queremos dar para o corretor que atende essas empresas a melhor experiência digital (com toda a jornada digital: cotação, emissão, pagamento, endossos, renovação e sinistros) e o maior pacote de produtos atraentes para esse segmento”.

Potencial
“O primeiro mercado da Mitsui é a Ásia. A nossa casa matriz sempre pensa no grande potencial do Brasil. O desafio é a volatilidade, que é alta no Brasil, por exemplo, a inflação e a taxa Selic”, comenta Kawasaki.
No momento, não faz parte da estratégia da Mitsui investir em aquisições no Brasil. “Vamos continuar investindo no crescimento orgânico. Por outro lado, mundialmente, em 2025, a Mitsui investiu na compra de 15% das ações da Berkley nos Estados Unidos”, destaca o CEO sobre o investimento que soma US$ 5 bilhões.
Ele ainda lembra que um diferencial entre os mercados de seguros brasileiro e japonês é o seguro residencial, no qual 90% das pessoas compram a proteção.
“O Japão tem muito desastre natural – terremoto, enchente e inundação – e as pessoas têm a consciência da importância do seguro para proteger a residência”, conclui Kawasaki, ao traçar um paralelo com o mercado de seguros, cuja cultura do seguro está em formação.
De forma geral, nos oito primeiros meses deste ano, a companhia tem crescido 2%, contabilizando o automóvel que está com a Porto. Ao se observarem somente as linhas corporativas, a companhia tem crescido 20%. “Para o ano que vem, esperamos ter um crescimento mais forte. Esperamos que as novas linhas, que tiveram investimento importante em tecnologia e em pessoas, nos tragam uma alavanca de crescimento maior do que a média de mercado”, frisa Nagamine.
Atualmente, o Property é a principal linha de negócios da Mitsui e representa 65%, transportes e garantia, 10%, RC e risco de engenharia, com 2% a 3% cada; empresarial com 6% e o auto representa 5%.
Conteúdo da edição de novembro (281) da Revista Cobertura











