Debates da 20ª edição do Conec reafirmam: novas ferramentas digitais só fazem sentido quando potencializam a performance humana
Bianca Notário e Carol Rodrigues
Ampliar o potencial e a confiança no mercado segurador, através da sinergia entre a inteligência humana e a artificial, foi o caminho destacado por grandes nomes do setor para o futuro inteligente do corretor de seguros no Brasil. Entre os inúmeros debates da 20ª edição do Congresso de Corretores de Seguros – Conec, a integração entre as novas ferramentas digitais e o papel consultivo dos profissionais do segmento conduziu pautas apresentadas ao longo de todo o evento promovido em setembro, no Distrito Anhembi, em São Paulo.
Realizado pelo Sincor-SP, o Conec 2025 reuniu cerca de 10 mil participantes, entre corretores de seguros, autoridades e lideranças do setor, representantes de seguradoras e convidados internacionais.
A abertura desta edição histórica, preparada para conectar o corretor de seguros ao futuro, contou com a presença do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que destacou iniciativas tecnológicas voltadas à segurança pública, e de autoridades da Susep.
“O corretor é quem pode orientar a melhor forma e o melhor plano. Essa assistência é fundamental”, destacou o prefeito sobre a importância da contratação do seguro com o corretor como intermediário, ao invés de fazer uma contratação direta.
Responsável por cerca de 40% da receita nacional do setor de seguros, o Estado de São Paulo conta com a atuação de mais de 56 mil corretores de seguros que representam a força da distribuição mais qualificada e capitalizada do Brasil em meio a uma nova era da inovação. “Essa é a prova viva que o corretor de seguros é e continuará sendo insubstituível’, destacou Boris Ber, presidente do Sincor-SP.
Dentre os assuntos abordados no talk show “Novas resoluções e tecnologias: para onde vai o mercado de seguros”, Airton Almeida, diretor de Regulação Prudencial e Estudos Econômicos da Susep, abordou a lei complementar 213/25, a qual trouxe dois novos players: as associações de proteção patrimonial mutualista e as cooperativas de seguros. “Talvez essa seja uma das maiores oportunidades para a nossa indústria de seguros nos últimos 60 anos”, disse o executivo.
Autorregulação, o uso de Inteligência Artificial (IA) no setor e o impacto das mudanças climáticas no desenho de produtos estiveram entre os temas que marcaram os painéis e trilhas de conteúdos promovidos ao longo do Congresso.

Transformação digital na corretagem
Durante o painel “Transformação Digital na Corretagem de Seguros”, executivos destacaram as experiências e estratégias das companhias no que diz respeito às ferramentas tecnológicas voltadas a melhorar, ainda mais, a jornada dos corretores de seguros na era da IA.
Os profissionais foram unânimes em destacar a efetiva participação dos corretores no desenvolvimento de ferramentas e portais que fazem a interligação com os agentes da corretagem.
Uma das formas sugeridas para os corretores iniciarem o contato com esse universo foi a aplicação de ferramentas de Inteligência Artificial, independentemente do tamanho da corretora, não só para a comparação de coberturas e de condições gerais de produtos, já que a IA pode atuar em toda a jornada do cliente, na renovação, na emissão de apólice e nos pagamentos de boletos.

SinergIA Digital – O futuro inteligente do corretor
Foi com um exemplo prático, através de uma conversa por intermédio da inteligência artificial, que Rafael Altomare, especialista da área de Tecnologia, abriu o painel “SinergIA Digital – O futuro inteligente do corretor de seguros”, no último dia do Conec 2025.
Na sequência, representantes de grandes companhias do mercado reforçaram que, apesar do uso estratégico das novas tecnologias, o toque humano do corretor é o que transforma os dados em relações e os produtos em proteção.
“Olhando para o futuro, nós todos seremos protagonistas e a inteligência artificial será o nosso copiloto. Para que realmente, trabalhando juntos, possamos ser muito mais efetivos na consultoria estratégica”, destacou Marco Antônio Messere Gonçalves, presidente do Conselho Consultivo da MAG Seguros e presidente do Fórum Mário Petrelli.

Saúde: estratégias para um futuro sustentável
O último dia de programação do Conec abordou, entre as trilhas de conteúdos, um debate sobre o futuro sustentável para a Saúde Suplementar.
Os especialistas convidados reforçaram os diferenciais do corretor de seguros que acompanha as tendências do setor e se aprofunda na dinâmica de regulamentações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Entre os desafios das operadoras para fidelizar os clientes, os participantes falaram sobre a necessidade de regulação para planos coletivos, assim como revisões técnicas, especialmente diante da defasagem dos planos antigos.
Na ótica dos executivos, entender as novas tendências e as políticas de reembolsos das operadoras, assim como acompanhar o índice de sinistralidade e a jornada do beneficiário são ações que podem transformar o futuro de quem se dedica à Saúde Suplementar. “O corretor deve fazer a transição e deixar de ser meramente um vendedor e se tornar um consultor”, reforçou Bruno Sobral, diretor-executivo da FenaSaúde.
Vanessa Mendes, coordenadora da área de Saúde Suplementar e Odontológica do Sincor-SP, compartilhou que os corretores podem contar com o suporte da Intersaúde, comissão do sindicato que discute, mensalmente, os desafios do setor e que atua na busca de melhorias nas relações com os beneficiários e no atendimento comercial junto aos corretores de seguros.

Transição segura para o futuro da corretagem
Enquanto os painéis e trilhas de conteúdos sobre SinergIA Digital e transformação tecnológica mostraram o uso prático da Inteligência Artificial para ampliar eficiência e produtividade, o talk show “Transição segura para o futuro da corretagem de seguros” representou como o fator humano, a sucessão de valores e o senso de propósito podem sustentar a confiança no setor.
Um dos momentos mais emocionantes do Conec 2025 trouxe depoimentos reais de dois grandes ícones do mercado — Jayme Garfinkel, acionista controlador das empresas Porto Seguro, e Nilton Molina, presidente do Instituto de Longevidade MAG e do Conselho Deliberativo da MAG Fundo de Pensão, ao lado de seus filhos, Bruno Garfinkel e Helder Molina.
Com atuações em ramos de seguros diferentes, os Garfinkel e os Molina mostraram que o mais importante para um negócio bem-sucedido e longevo, ao ponto de ser passado para outras gerações, é a paixão e a capacidade de sonhar.
Uma verdadeira aula sobre o legado do seguro simbolizado como ponte entre gerações, valores humanos e a sinergia com a era tecnológica.
Conteúdo da edição de outubro (280) da Revista Cobertura












